Edson Pavoni
A Place to
A Place to
Departure
instalação site-specific / 2013, 2015
A tecnologia vai nos afastar ou nos aproximar?
A Place to Departure (Um Lugar para Partir) é uma instalação interativa que permite que uma pessoa em um local sinta o toque de uma pessoa em outro, não importa o quão longe elas estejam. Originalmente, conectava Pequim, na China, e São Paulo, no Brasil. Posteriormente, conectou dois distritos de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A Place to Departure (Um Lugar para Partir) é uma instalação interativa que permite que uma pessoa em um local sinta o toque de uma pessoa em outro, não importa o quão longe elas estejam. Originalmente, conectava Pequim, na China, e São Paulo, no Brasil. Posteriormente, conectou dois distritos de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O tato, um dos nossos sentidos mais imediatos e poderosos, é um objeto multidimensional de investigação.
A extensa pesquisa do filósofo Matthew Fulkerson o vê como uma modalidade sensorial única e unificada que desempenha um papel central não apenas na percepção, mas na experiência humana como um todo.
A extensa pesquisa do filósofo Matthew Fulkerson o vê como uma modalidade sensorial única e unificada que desempenha um papel central não apenas na percepção, mas na experiência humana como um todo.
A Place to Departure se aventura nos aspectos simbólicos do toque humano e no papel da tecnologia na criação de instrumentos de conexão.
Essa instalação específica do local ocorre em dois locais simultaneamente. Em cada local, ela é composta por uma placa de madeira e uma de vidro,
ambas encaixadas transversalmente para criar uma estrutura em forma de V. Quando alguém toca o vidro no Local A e outra pessoa toca o vidro no Local B,
ao mesmo tempo, as duas pessoas sentem como se estivessem se tocando através de uma vibração suave no vidro.
Isso só é possível por meio de uma série de sistemas de feedback háptico que, invisíveis a olho nu, transmitem informações pela internet.
Isso só é possível por meio de uma série de sistemas de feedback háptico que, invisíveis a olho nu, transmitem informações pela internet.
As tábuas de madeira foram criadas a partir de um algoritmo, desenvolvido por Pavoni e sua equipe,
que utilizou as coordenadas geográficas de cada uma das instalações para construir seu padrão de corte a laser.
A especificidade de cada localidade, representada por esses padrões, visava também evidenciar seus elementos culturais, históricos e sociais particulares.
A especificidade de cada localidade, representada por esses padrões, visava também evidenciar seus elementos culturais, históricos e sociais particulares.
Pequim - São Paulo
Criada originalmente em 2014, a obra conectou a galeria de arte Coletivo Amor de Madre, em São Paulo, Brasil, ao Caochangdi Art District, em Pequim, na China.
Criada originalmente em 2014, a obra conectou a galeria de arte Coletivo Amor de Madre, em São Paulo, Brasil, ao Caochangdi Art District, em Pequim, na China.
"Uma janela
na Parede"
na Parede"
Foi assim que a jornalista francesa Anne-France Berthelon descreveu a obra,
referenciando a combinação de ações legislativas e tecnologias conhecidas como o Grande Firewall (parede de fogo) da China,
que monitora e controla o acesso à internet no país. Neste contexto, A Place to Departure adquiriu maior significado geopolítico.
A obra de arte não apenas desafiou tais restrições, mas conseguiu romper as fronteiras intangíveis impostas pelo governo.
O artista e ativista Ai Weiwei (Pequim, 1957-) visitou a obra durante a sua montagem em Pequim. Ai, na época, passou 81 dias preso sem acusações, uma prisão que muitos consideram uma perseguição política ilegal motivada por suas posições críticas ao governo chinês. Ainda sob tutela do Estado, Ai teve seus movimentos restritos e não pôde deixar o país.
O artista e ativista Ai Weiwei (Pequim, 1957-) visitou a obra durante a sua montagem em Pequim. Ai, na época, passou 81 dias preso sem acusações, uma prisão que muitos consideram uma perseguição política ilegal motivada por suas posições críticas ao governo chinês. Ainda sob tutela do Estado, Ai teve seus movimentos restritos e não pôde deixar o país.
"A Place to Departure oferece uma oportunidade de conhecer o outro lado do mundo, naturalmente atraente para um artista privado de um passaporte pelas autoridades".
Anne-France Berthelon,
sobre o encontro com Ai Weiwei com a obra A Place to Departure em 2014.
sobre o encontro com Ai Weiwei com a obra A Place to Departure em 2014.
Al Fahid, Dubai - New District, Dubai
Em 2015, encomendada pelo Dubai Design Days, a instalação A Place to Departure foi montada novamente. Desta vez, conectou o bairro histórico de Al Fahid com o New District de Dubai.
Em 2015, encomendada pelo Dubai Design Days, a instalação A Place to Departure foi montada novamente. Desta vez, conectou o bairro histórico de Al Fahid com o New District de Dubai.
Conectar dois lugares na mesma cidade trouxe uma dinâmica diferente da instalação anterior.
Ao invés de conectar os participantes com um lugar exterior e desconhecido, eles foram convidados a olhar para dentro,
a reavaliar seu próprio território. Isso gerou reações particularmente esclarecedoras, revelando como o ato de tocar,
em sua magnitude, exerce diferentes papéis em nossas vidas.
Nos Emirados Árabes Unidos, existe um entendimento comum de que o toque é uma ação sagrada e restrita.
É um símbolo poderoso. Espera-se que as mulheres, nesse contexto, geralmente toquem apenas em seus maridos ou familiares.
Este código de conduta cultural criou conflitos em alguns participantes. Durante a exposição, quando algumas participantes
entenderam que o envolvimento com a obra significava que estariam tocando um estranho, mesmo que de forma remota e simbólica,
elas optaram por não tocar no vidro.
"Testemunhar tal reação a esta obra de arte me fez pensar que seus aspectos simbólicos estavam sendo reconhecidos por uma
instância superior. A recusa em tocar a obra e, portanto, tocar remotamente um estranho, foi como se o próprio Deus tivesse
validado aquele gesto como verdadeiro." Edson Pavoni
Créditos
Edson Pavoni, artista
Curadoria
Olivia Yassudo
Galeria
Coletivo Amor de Madre
Produção Executiva
João Marcos de Souza, Olimpia Pavoni & Nana Janus
Produção & Design
Pagu Senna & Mari Ventura
Design
Felipe Minuti, Carolina Anselmo, Vitor Reis, Zeh Fernandes, Junior Magalhães & Raphael Fagundes
Eletrônica
André Biagioni & Diego Spinola
Fotografia & Vídeo
Pedrinho Fonseca, Ju Matos & Isabela Herig
Edson Pavoni, artista
Curadoria
Olivia Yassudo
Galeria
Coletivo Amor de Madre
Produção Executiva
João Marcos de Souza, Olimpia Pavoni & Nana Janus
Produção & Design
Pagu Senna & Mari Ventura
Design
Felipe Minuti, Carolina Anselmo, Vitor Reis, Zeh Fernandes, Junior Magalhães & Raphael Fagundes
Eletrônica
André Biagioni & Diego Spinola
Fotografia & Vídeo
Pedrinho Fonseca, Ju Matos & Isabela Herig