Edson Pavoni
Memorial Inumeráveis
arquitetura e plataforma digital / 2020-
O Memorial Inumeráveis
é uma obra de arte apresentada em diferentes plataformas digitais e um monumento físico.
Ainda em andamento, é um conjunto de histórias de vida das vítimas fatais da Covid-19 no Brasil, escrito por centenas de voluntários que entrevistam milhares de familiares, amigos e entes queridos. O monumento físico ao ar livre espera contar as histórias das vítimas da Covid como uma jornada de cura combinando arquitetura, tecnologia e memória.
Ainda em andamento, é um conjunto de histórias de vida das vítimas fatais da Covid-19 no Brasil, escrito por centenas de voluntários que entrevistam milhares de familiares, amigos e entes queridos. O monumento físico ao ar livre espera contar as histórias das vítimas da Covid como uma jornada de cura combinando arquitetura, tecnologia e memória.
"Ninguém gosta de ser número, gente merece existir em prosa."
- Edson Pavoni
- Edson Pavoni
Entre 2020 e 2022, o Brasil se tornou um dos países mais impactados pelo novo coronavírus.
Em 2021, o Brasil tinha 2,7% da população mundial, mas foi responsável por 13% das mortes
por Covid-19 em todo o mundo. Isso aconteceu enquanto o mundo testemunhava como o governo
de Jair Bolsonaro falhava em implementar estratégias nacionais de saúde.
Houve um alto custo pelo desrespeito sistemático do governo a métodos eficazes e cientificamente comprovados para impedir a propagação do vírus. O auxílio do governo à proliferação de redes organizadas que promoveram a desinformação sobre o vírus; às aglomerações públicas patrocinadas; à propaganda e à prescrição, por médicos ideologicamente aliados ao governo, de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a COVID-19; a subnotificação de dados epidemiológicos; e o adiamento, em meio a denúncias de corrupção, da compra de vacinas, custou a vida de centenas de milhares de cidadãos.
Enquanto o número de mortos aumentava exponencialmente, era raro encontrar um nome na cobertura jornalística. Mas há tanto poder em um nome. David, Abdias, Carolina... Nomes evocam imagens, memórias, conexões. As vítimas da Covid-19 logo se tornaram estatísticas, números ocos e frios. Mas ninguém quer ser reduzido a um número - as pessoas merecem existir em prosa.
Houve um alto custo pelo desrespeito sistemático do governo a métodos eficazes e cientificamente comprovados para impedir a propagação do vírus. O auxílio do governo à proliferação de redes organizadas que promoveram a desinformação sobre o vírus; às aglomerações públicas patrocinadas; à propaganda e à prescrição, por médicos ideologicamente aliados ao governo, de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a COVID-19; a subnotificação de dados epidemiológicos; e o adiamento, em meio a denúncias de corrupção, da compra de vacinas, custou a vida de centenas de milhares de cidadãos.
Enquanto o número de mortos aumentava exponencialmente, era raro encontrar um nome na cobertura jornalística. Mas há tanto poder em um nome. David, Abdias, Carolina... Nomes evocam imagens, memórias, conexões. As vítimas da Covid-19 logo se tornaram estatísticas, números ocos e frios. Mas ninguém quer ser reduzido a um número - as pessoas merecem existir em prosa.
“Fundar o Memorial dos Inumeráveis, em 2020, foi uma forma de atuar, como artista, sobre a pandemia no Brasil”
, explica Pavoni. Nos últimos dois anos, ele se comprometeu com a força dessa iniciativa, um esforço coletivo para construir memória, afeto, respeito e um futuro diferente.
Com destaque nos principais jornais do Brasil e do exterior, o Memorail Inumeráveis se mostrou uma ferramenta poderosa para a humanização da cobertura da mídia. O projeto impactou cerca de 1 em cada 6 adultos no país, num total de cerca de 31 milhões de pessoas.
Com destaque nos principais jornais do Brasil e do exterior, o Memorail Inumeráveis se mostrou uma ferramenta poderosa para a humanização da cobertura da mídia. O projeto impactou cerca de 1 em cada 6 adultos no país, num total de cerca de 31 milhões de pessoas.
"Ao ouvir as mais de mil histórias que coletamos, entendi que o processo de lembrar tem um poder curativo para o indivíduo e protetivo para a sociedade. Devemos lembrar. Os mesmos erros serão cometidos se esquecermos aqueles que se foram - e porquê eles nos deixaram."
- Edson Pavoni
- Edson Pavoni
O monumento físico: uma jornada de cura
Projetado para o parque Villa Lobos, em São Paulo, o monumento físico do
Inumeráveis visa integrar natureza e tecnologia, criando um espaço meditativo de
contemplação. O local foi escolhido devido à sua acessibilidade e popularidade entre
os moradores da cidade. Além disso, está de acordo com o planejamento e os objetivos urbanísticos de São Paulo:
"O projeto [do monumento] pretende ligar-se às propostas de requalificação urbana da região e apoiar outras práticas culturais e artísticas já existentes no local. Para que não impacte negativamente a paisagem ou as dinâmicas já presentes, a implantação partirá do estudo aprofundado da integração com o entorno. Espaços de cultura e lazer como este são fundamentais para estender o alcance da informação e da memória a quem os usufrui."
- Maria Luiza Barros, Arquiteta, Urbanista e integrante da equipe Inumeráveis.
Começando a jornada
Ao se aproximarem do monumento, os visitantes encontram, escondido entre as árvores do parque,
uma construção em forma de curva. À sua entrada, existe um muro que corta o memorial ao meio.
Nessa parede, há um texto sobre o novo coronavírus e a resposta histórica a ele.
Esse texto destaca a velocidade com que essa ameaça invisível atingiu o mundo inteiro.
Ressaltando a importância da ciência, bem como a descrença nela que se manifestou ao longo da crise,
o texto traz à tona aspectos cruciais sobre o isolamento social que marcou esse período, além do avanço
da tecnologia que visava fazer as pessoas se sentirem mais próximas uma das outras.
Também destaca como nosso relacionamento desequilibrado com os animais estava na raiz dessa pandemia
e como os líderes que trocaram milhares de vidas humanas por seu próprio poder - e sobre aqueles que
os desafiaram.
Tecnologia no coração da memória
Um pouco mais à frente encontram-se duas rampas, devendo o visitante optar por uma delas.
Os primeiros nomes de todas as vítimas do coronavírus no Brasil serão gravados em metal ao
longo do corrimão da rampa. Um espaço amplo, vazio e silencioso separa os visitantes, lembrando
o isolamento social e a solidão do luto.
Ao apontar o celular para um dos nomes, o visitante será automaticamente direcionado para a história
dessa pessoa no site do Memorial. Nesse momento, a luz individual daquele nome gravado no metal se acenderá
com muito mais intensidade - como se estivesse sentindo a conexão.
Sempre que alguém acessar o site, mesmo que do outro lado do mundo,
fará uma luz brilhar fisicamente no memorial. Tal gesto pretende ser um lembrete de suas vidas,
como se os visitantes pudessem ver as memórias acontecendo diante de seus olhos.
A saudade do toque
Ao final da rampa, o visitante verá uma instalação artística composta por duas vidraças que parecem dividir o espaço.
Essa instalação criará uma ponte sensorial entre as duas rampas. Quando alguém toca o vidro de um dos lados e outra
pessoa toca o vidro do outro lado – no mesmo lugar e ao mesmo tempo -, ambos sentirão fisicamente que se tocaram através
de uma suave vibração.
"Nada que pareça distante resiste à decisão de um encontro. Simbólica ou real, a vida do amor perdido continua dentro de nós."
- Ana Claudia Quintana Arantes, médica, cuidadora paliativa e integrante da equipe Inumeráveis.
A nova era
O espaço da instalação artística no Memorial marca o fim da crise e o início de uma nova era.
A descida da escada, passo a passo, significa os vários passos necessários para retomar as relações
face a face até que a sociedade encontre um terreno comum.
Comemorando o fim do isolamento social, a escada neste momento também vira arquibancada para receber
encontros e conversas presenciais.
Sentir a terra e a grama juntas novamente simboliza esse reencontro e abre caminho para algumas conversas
fundamentais sobre o que aprendemos e sobre como a sociedade mudou.
Se reconectando com a natureza
A árvore, centralizada em frente à arquibancada, é a parte mais alta do Memorial,
e é ao redor dela que nos sentamos para relembrar nossa relação desequilibrada com a natureza e os animais.
Um fator crítico para o surgimento do vírus que deu início a toda essa crise. É também em torno dessa mesma
árvore que podemos nos reunir para discutir e projetar um futuro mais harmonioso entre a natureza e o ser
humano.
"A vida insiste em se mostrar sob o sol, sob o tempo, revelando o
que mais precisamos aprender neste momento de luto: aprender a recriar
o que fomos sob o olhar do amor daqueles que perdemos. O amor não morre.
O amor não morre, renasce todos os dias, sob o céu, junto aos muros, rumo às árvores,
rumo à vida. Mesmo que precise de silêncio, vale a pena"
-Ana Claudia Quintana Arantes, médica, cuidadora paliativa e integrante da equipe Inumeráveis.
A cada pôr do sol, um novo ritual interativo de luz e conexão. Todos os dias junto com o pôr do sol,
o memorial acenderá suas luzes que iluminarão cada nome registrado.
"O luto é o abrigo para a dor da perda. Ele preserva em nós as marcas que registraram a experiência do vínculo.
Ele habita em nossa memória pelo acesso constante às memórias que ficam, protege os afetos que sentimos e é o
guardião da vida que antes pulsava e agora é silêncio. Por isso, o luto demanda um lugar de expressão.
Precisa de voz e de ser compartilhado, e a saudade é sua manifestação."
-Silvana Aquino, psicóloga, cuidadora paliativa e integrante da equipe Inumeráveis.
Saiba mais em: https://inumeraveis.com.br/futuro/
Créditos
O Memorial Inumeráveis existe graças ao esforço e dedicação de centenas de voluntários.
Ele só possível graças ao trabalho contínuo de Rogério Oliveira, Maria Luiza de Barros, Guilherme Bullejos, Alana Rizzo, Silvana Aquino, Ana Claudia Quintana Arantes, Gabriela Veiga, Rogério Zé, Rubens Oliveira, Jonathan Querubina e Giovana Madalosso, entre outros.
As imagens para o memorial físico foram criadas em colaboração com Guilherme Bullejos e a equipe da RiseNY&Partners.
O Memorial Inumeráveis existe graças ao esforço e dedicação de centenas de voluntários.
Ele só possível graças ao trabalho contínuo de Rogério Oliveira, Maria Luiza de Barros, Guilherme Bullejos, Alana Rizzo, Silvana Aquino, Ana Claudia Quintana Arantes, Gabriela Veiga, Rogério Zé, Rubens Oliveira, Jonathan Querubina e Giovana Madalosso, entre outros.
As imagens para o memorial físico foram criadas em colaboração com Guilherme Bullejos e a equipe da RiseNY&Partners.