Ana Claudia Quintana
O que vivemos na pandemia ainda deveria estar no espaço do grito
texto para exposição / 2023
O que vivemos na pandemia ainda deveria estar no espaço do grito.
Do choque, da indignação, da percepção da injustiça de mãos dadas com a irreversibilidade. Nenhuma morte é menos do que 100% de ausência. De silêncio abismal, profundo, total. Da voz de quem se foi ao redor da escuta de quem permaneceu.
Esse silêncio ensurdecedor só se quebra pelo som da natureza. A natureza que revela a cada dia a persistência da vida. A teimosia da vida. A determinação da vida. Que no seu ritmo, incansável, persistente, amorosamente vem e nos mostra que o ritmo da vida segue adiante.
A natureza é arte, a vida é música.
Uma música total feita de suas partes. O ritmo, melodia, som, harmonia.
Poesia.
Vida de um ritmo que recompõe a estrutura de um tempo que não deveria ser esquecido. A melodia que conecta a emoção que não cessa. A saudade, som que traz harmonia para a dor que não fala.
Vida com a poesia da arte que canta o que não se conta… Inumeráveis gritos que não silenciam, mas que curam, saram, em silêncio.
Arte que traz o novo modo de caminhar em passos de silêncio.
Do choque, da indignação, da percepção da injustiça de mãos dadas com a irreversibilidade. Nenhuma morte é menos do que 100% de ausência. De silêncio abismal, profundo, total. Da voz de quem se foi ao redor da escuta de quem permaneceu.
Esse silêncio ensurdecedor só se quebra pelo som da natureza. A natureza que revela a cada dia a persistência da vida. A teimosia da vida. A determinação da vida. Que no seu ritmo, incansável, persistente, amorosamente vem e nos mostra que o ritmo da vida segue adiante.
A natureza é arte, a vida é música.
Uma música total feita de suas partes. O ritmo, melodia, som, harmonia.
Poesia.
Vida de um ritmo que recompõe a estrutura de um tempo que não deveria ser esquecido. A melodia que conecta a emoção que não cessa. A saudade, som que traz harmonia para a dor que não fala.
Vida com a poesia da arte que canta o que não se conta… Inumeráveis gritos que não silenciam, mas que curam, saram, em silêncio.
Arte que traz o novo modo de caminhar em passos de silêncio.
Ana Claudia Quintana
Médica, escritora, professora e palestrante em temas sobre envelhecimento e morte – e a vida que preenche o espaço desses momentos humanos.
É formada pela USP com residência em Geriatria e Gerontologia no Hospital das Clínicas da FMUSP. Fez pós-graduação em Psicologia – Intervenções em Luto pelo Instituto 4 Estações de Psicologia, especialização em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium e pela Universidade de Oxford. Fundadora da Casa do Cuidar, organizando e ministrando aulas nos cursos de formação multiprofissionais. Desde 2019, é presidente da instituição. No atendimento aos pacientes, atua em consultório e também na Casa Humana, onde coordena a atenção domiciliar em cuidados paliativos para pessoas portadoras de doença crônica ameaçadora da vida.
Participou do TEDx FMUSP com a palestra “A Morte é um dia que vale a pena viver” e lançou um livro pela Editora Sextante com o mesmo título.
Faz parte da equipe do Memorial Inumeráveis.